A TRANSMUTAÇÃO DA PERSONAGEM LOLITA DE NABOKOV DA LITERATURA PARA O CINEMA

Resumo

Os romances modernos são marcados pela presença de personagens ambivalentes, tendo eles múltiplas identidades e diferentes traços de comportamento e caráter. Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, é um expoente desse tipo de obra que apresenta personagens de personalidade e atitudes híbridas, não lineares. Lolita é uma menina de 12 anos que tem sua vida transformada após ser alvo de uma paixão obsessiva por parte de Humbert Humbert, um homem adulto, de meia idade, que se torna seu padrasto. Diante de tal situação, a personagem apresenta alguns traços de comportamento que podem gerar certo grau de ambivalência quanto à composição de seu caráter dentro do romance, as quais muitas de suas atitudes podem ser interpretadas tanto como fruto de uma ingenuidade infantil quanto como jogos de atributos sedutores de uma mente ardilosa. A presente pesquisa analisa como esse traço duplo presente na construção da personagem Lolita foi representado pelo processo tradutório do romance para o filme produzido pelo cineasta Adrian Lyne em 1997.  Ao identificarmos e discutirmos algumas características inerentes à personalidade, ao comportamento e aos posicionamentos da personagem no texto literário e na sua tradução para o cinema, analisaremos como a Lolita nabokoviana vem sendo apresentada para os novos contextos receptores. Para fomento teórico desta pesquisa, contaremos com alguns pressupostos relevantes aos Estudos da Tradução como os desenvolvidos por André Lefevere (2007), Itamar Even-Zohar (1978), Gideon Toury (1995), bem como alguns pressupostos da relação cinema e literatura por Robert Stam (2008), Patrick Cattrysse (1992) e Ismail Xavier (1984).

Palavras-chave: Lolita; Literatura; Cinema; Transmutação.