O PROCESSO DE MONSTRIFICAÇÃO COMO METÁFORA DO MAL NOS MITOS DE METAMORFOSE

Autores

  • Natasha de Queiroz ALMEIDA Universidade Federal do Pará - UFPA
  • Maria do Perpétuo Socorro Galvão SIMÕES Universidade Federal do Pará - UFPA

DOI:

https://doi.org/10.17648/1415-7950-v14n1-980

Palavras-chave:

Monstro. Metamorfose. Mal. Narrativa

Resumo

As mitologias registram narrativas regidas pelo tema da metamorfose. Entretanto, as metamorfoses analisadas dentre narrativas do imaginário grego clássico e as narrativas do imaginário amazônico paraense expõem punições, restrições, bem como questões morais, geralmente resultantes de malefícios e transtornos sofridos pelos sujeitos que passam pelo processo físico da metamorfose. O objetivo deste estudo é estabelecer, numa abordagem comparativa, as relações entre a metamorfose do episódio da Antiguidade Clássica registrado no canto X, da Odisseia (VIEIRA, 2011) e a narrativa de metamorfose relatada no bairro do Jurunas (1994), a partir da figura do monstro, enquanto agente causador/sofredor do mal. Será realizado um levantamento bibliográfico sobre o caso de metamorfose como símbolo do mal na Odisseia, cuja tradução é de Trajano Vieira (2011) e sobre o caso de metamorfoses relatadas em narrativas orais de Belém, catalogadas e salvaguardadas no acervo IFNOPAP, em 1994 (O imaginário das formas narrativas orais da Amazônia paraense). A análise comparada versou sobre: Como o mal é representado na figura do monstro? Como os casos de metamorfoses apontam para questões de cunho sociomoralizante? Que motivações gerem cada um dos processos metamórficos? Os metamorfoseados ou monstros representam que tipo de homem? Observou-se que em ambos os episódios, as metamorfoses apresentaram questões de fundo moralizante e algum efeito nocivo ao agente metamorfoseado, sendo estas consequências derivações do mal causado, mal este entendido aqui como o sofrimento sentido pelo sujeito metamorfoseado por sua condição de abjeto, de objeto ou de privado de expressão. Além disso, por serem desdobramentos míticos, nos casos analisados jazem parâmetros de afinidades e de concorrência que: 1) mostram
o quanto as narrativas de caráter mítico podem se reatualizar incessantemente pela palavra; 2) ilustram bem como as sociedades estão ordenadas e regidas por forças hierárquicas, quer sejam representadas por uma ordem natural humana, quer seja via uma ordem sobrenatural; 3) aproximam os homens de culturas diversas pelos interesses, comportamentos, buscas e receios. Assim, o estudo dos mitos de metamorfoses elucida bem a relação homem-mundo-sociedade, principalmente porque aponta para o ‘momento de trânsito em que nos encontramos em que espaço e tempo se cruzam para produzir figuras complexas de diferença e identidade, passado e presente, interior e exterior, inclusão e exclusão’ (BHABHA, 1998).

Biografia do Autor

Natasha de Queiroz ALMEIDA, Universidade Federal do Pará - UFPA

Mestre em Estudos Literários, pela Universidade Federal do Pará. Bolsista Capes de 2011 a 2013

Maria do Perpétuo Socorro Galvão SIMÕES, Universidade Federal do Pará - UFPA

Doutora em Letras (Letras Vernáculas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora da Universidade Federal do Pará, coordenadora do Programa de Estudos Geo-BioCulturais da Amazônia - Campus Flutuante, da Universidade Federal do Pará.

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Publicado

2018-03-07

Edição

Seção

Artigos