O FENÔMENO DAS FESTAS DE APARELHAGEM: EXPERIÊNCIAS, GREGARISMOS E CONTRADIÇÕES

Andrey Faro de Lima, Edgar Monteiro Chagas Junior

Resumo


Durante os anos 2000,uma profusão de eventos festivos itinerantes marcados pela presença e atuação de suntuosos aparatos eletrônicos, sonoros e visuais, notadamente,interpunhase ao cotidiano citadino de Belém do Pará. Eram as festas de aparelhagem, expressões que há muito já faziam parte do universo de práticas das camadas populares da capital e região, mas que, naquele momento, adquiriram notória visibilidade e projeção, tanto pela atenção despendida por muitos segmentos midiáticos, quanto pelo modo como passou a atrair novos entusiastas provenientes dos mais diferentes domínios. Publicamente, as festas de aparelhagem passaram a ser apresentadas como fenômeno pujante, dinâmico que, embora periférico, cada vez mais vinha invadindo ou conquistando os redutos da elite local. Neste trabalho, dedicamos-nos à construção de perspectivas mais microssociológicas em torno deste fenômeno, a partir das percepções, concepções e articulações do público entusiasta e dos sujeitos que representam as aparelhagens. Conforme se observou, a notória visibilidade experimentada pelas festas de aparelhagem implicou o surgimento de novas
assimetrias, hierarquizações e descontinuidades simbólicas e sociais decorrentes do modo como segmentos diversos vivenciaram este fenômeno, o que engendrou articulações, navegabilidades, configurações e territorialidades, características por parte de tais segmentos. As festas de aparelhagem, neste sentido, em seus desdobramentos, encerravam fronteiras que ao mesmo tempo,aproximavam e separavam domínios.


Palavras-chave


festas de aparelhagem; Belém do Pará; festa; periferia.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17648/1415-7950-v16n1-1677

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