A capacidade de linguagem contribui para que o ser humano, única espécie capaz de anamnese, reflita sobre si mesmo e seu lugar no mundo. Além de possibilitar memorizar espaços e pessoas, o indivíduo tem a prerrogativa de, por meio da oralidade e/ou escrita, registrar a si mesmo. Nessa esteira surgem os estudos acerca dos gêneros (auto)biográficos. Todavia, ao considerar que os limites teóricos entre tais gêneros estão cada vez mais diluídos na literatura contemporânea, o presente artigo tem por objetivo apresentar uma análise interpretativa do romance Autobiografia (2019), de José Luís Peixoto, com vistas a identificar caracteres autobiográficos nos termos de Lejeune (1975). A metodologia utilizada é análise interpretativa realizada a partir de excertos da obra em consonância às teorias intertextuais, a partir de Amorim (2020). Concomitantemente, pretendemos explicitar como o romance em questão possibilita ampliar os debates envolvendo a autobiografia. Ademais, tenciona-se também refletir sobre a intertextualidade existente com a obra saramaguiana para a compreensão do romance de Peixoto.
Biografia do Autor
André Eduardo Tardivo, Universidade Estadual de Maringá - UEM
Doutorando e mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8552-6380