Chamada para publicação de artigos: v. 20, n. 2 (2023)

A revista Asas da Palavra abre chamada de artigos para publicação no dossiê “A cidade caminhável através dos sentidos” que visa apresentar, discutir e analisar como a cidade contemporânea está passando por várias mudanças que estão redesenhando sua aparência e fazendo emergir novos contextos de sensibilidade. Mudanças tão profundas na vida urbana demandam novas perspectivas teóricas e novos modelos de inteligibilidade para descrevê-las. Dentre esses modelos, podemos apontar um crescente interesse pelo ambiente sensorial dos espaços construídos. Ao caminhar pelas ruas e/ou lugares, quais seriam as sensações que emergem?

As questões de ordem estética não têm mais aparecido como secundárias ou subordinadas, elas estão claramente se tornando um elemento chave no pensamento urbano contemporâneo. Nessa abordagem, o corpo e os sentidos passam a ser considerados. Antes de introduzir cada ementa abaixo, notemos que o termo “estética” deve ser compreendido aqui em seu sentido original de aesthesis, isto é: a percepção pelos sentidos e não somente como julgamento de gosto ou filosofia da beleza.

Serão discutidas três principais correntes que têm em comum uma abordagem sensível da cidade:

  • estética da modernidade, que explora as consequências das mudanças nas grandes cidades no início do século passado;  todo um mosaico de fenômenos que moldam e preenchem o mundo sensível passam então a ser revistos: por exemplo, a reserva do morador da cidade que se protege do excesso de estímulos; os confrontos silenciosos nos bondes que revelam a importância do olhar; os cumprimentos matinais furtivos dos motoristas de taxis aprendendo a responder à aceleração das trocas; o efeito produzido pelas fantasmagóricas passagens cobertas que consagram o reino das mercadorias; os efeitos dos close-ups e da câmera lenta no cinema que exerce nos espectadores a experiência do choque... em suma, nos detalhes mais comuns da vida urbana, é revelada toda a sensibilidade de uma era.
  • A estética ambiental, atenta particularmente ao papel da natureza nos espaços vividos; tomando o ambiente natural como modelo, essa estética da natureza voltou-se, inicialmente, para a arte do paisagismo, para os espaços selvagens e para as áreas de parques e verdes de domínio público. Gradualmente, contudo, essa abordagem foi se debruçando sobre os ambientes construídos em meio urbano, assim como para o enorme campo da arte ambiental.  O termo “meio ambiente” não está mais restrito ao mundo natural, mas agora também cobre uma ampla gama de situações comuns. Um avanço recente dessa estética ambiental a levou a se conectar com a estética do cotidiano.
  • A estética das ambiências, focada nas tonalidades afetivas dos espaços urbanos e arquitetônicos. Conhecemos os argumentos usados no início do século passado para descrever o processo de estetização das cidades modernas: a natureza hiperestimulante das metrópoles, o embotamento dos sentidos dos moradores, o desenvolvimento de uma recepção desinteressada, a dominância da visão sobre os outros sentidos e a perda da experiência comunicável em favor de uma estética do choque.

A revista Asas da Palavra (Qualis A4) publica artigos em português, inglês e espanhol. Para este número, podem submeter trabalhos doutores vinculados a uma instituição de nível superior; doutorandos, mestres, mestrandos, graduados e graduandos, obrigatoriamente em coautoria com pelo menos um(a) autor(a) com título de doutor(a).

As submissões precisam estar em conformidade com as diretrizes para autores (https://cutt.ly/mlhAjMt) e os artigos aprovados serão publicados na edição v. 20, n. 2, a ser lançada em dezembro de 2023. As contribuições devem ser submetidas diretamente no site da revista até 20 de setembro de 2023.

Organização:
Profa. Dra. Marcia Cristina Ribeiro Gonçalves Nunes (PPGCLC/UNAMA; PPDMU/UNAMA)
Profa. Dra. Denise Vianna Nunes (EAU/UFF)