O FENÔMENO DAS FESTAS DE APARELHAGEM: EXPERIÊNCIAS, GREGARISMOS E CONTRADIÇÕES
DOI:
https://doi.org/10.17648/1415-7950-v16n1-1677Palavras-chave:
festas de aparelhagem, Belém do Pará, festa, periferia.Resumo
Durante os anos 2000,uma profusão de eventos festivos itinerantes marcados pela presença e atuação de suntuosos aparatos eletrônicos, sonoros e visuais, notadamente,interpunhase ao cotidiano citadino de Belém do Pará. Eram as festas de aparelhagem, expressões que há muito já faziam parte do universo de práticas das camadas populares da capital e região, mas que, naquele momento, adquiriram notória visibilidade e projeção, tanto pela atenção despendida por muitos segmentos midiáticos, quanto pelo modo como passou a atrair novos entusiastas provenientes dos mais diferentes domínios. Publicamente, as festas de aparelhagem passaram a ser apresentadas como fenômeno pujante, dinâmico que, embora periférico, cada vez mais vinha invadindo ou conquistando os redutos da elite local. Neste trabalho, dedicamos-nos à construção de perspectivas mais microssociológicas em torno deste fenômeno, a partir das percepções, concepções e articulações do público entusiasta e dos sujeitos que representam as aparelhagens. Conforme se observou, a notória visibilidade experimentada pelas festas de aparelhagem implicou o surgimento de novas
assimetrias, hierarquizações e descontinuidades simbólicas e sociais decorrentes do modo como segmentos diversos vivenciaram este fenômeno, o que engendrou articulações, navegabilidades, configurações e territorialidades, características por parte de tais segmentos. As festas de aparelhagem, neste sentido, em seus desdobramentos, encerravam fronteiras que ao mesmo tempo,aproximavam e separavam domínios.
Referências
ALMEIDA, Maria Isabel M. de. “Zoar” e “Ficar”: novos termos da sociabilidade jovem. In: Almeida. Maria Isabel M. de. & EUGENIO, Fernanda. (Org). Culturas Jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2006.
ARRAIS, Daniela. Esteja pronto para o Tecnobrega. No Pará, quem dita o consumo musical do povão é esse velho brega, Jornal do Comércio, 13/11/2005, Recife, Caderno C, p. 13.
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes. 1985.
LIBERAL, O. O lazer se recria na periferia de Belém, Belém: Caderno Magazine, O Liberal. 21/05/2006. (Impresso)
LIMA, Andrey Faro de. “É aFesta das Aparelhagens!” – Performances Culturais e Discursos Sociais. Belém: Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – Antropologia. 2008.
MAFFESOLI, Michel. O Tempo das Tribos: O Declínio do Individualismo nas
Sociedades de Massa. 4ª ed. Rio de janeiro: Forense universitária, 2006.
MAGNANI, J.G.C. Festa no pedaço: cultura popular e lazer na cidade. São Paulo: HUCITEC/UNESP, 1984.
REZENDE, Cláudia Barcellos. Os limites da sociabilidade: “cariocas” e
“nordestinos” na Feira de São Cristóvão. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº. 28, p. 1-15, 2001. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2145
Acesso em: 26/05/2007
SIMMEL, Georg. Da psicologia da moda: Um estudo sociológico. In: SOUZA, Jessé & OELZE, Berthold (Org). Simmel e a Modernidade. 2ª ed. rev. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005.
VELHO, Gilberto. Projeto e Metamorfose. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003a.
VIANNA, Hermano. A música paralela: Tecno-brega consolida nova cadeia
produtiva, amparada em bailes de periferia, produção de CDs piratas e divulgação feita por camelôs. A Folha de São Paulo, São Paulo, 13/10/2003, São Paulo, Caderno C, p. A3.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Andrey Faro de Lima, Edgar Monteiro Chagas Junior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.